quarta-feira, 1 de setembro de 2010

OFICINA 8 - Sonoridade na poesia

Objetivos

Investigar as relações entre som e sentido na poesia.
Observar a expressividade das repetições de palavras ou da mesma consoante.
Escrever textos com repetições
 
 
1ª - etapa - Som e sentido                               
 
Pássaro livre
Gaiola aberta.
Aberta a janela.
O pássaro desperta,
A vida é bela.


A vida é bela
A vida é boa.
Voa, pássaro, voa.
          Sidônio Muralha. A dança dos pica-paus.
          Rio de Janeiro: Nórdica, 1985.




Haicai


Que cheiro cheiroso
de terra molhada quando
a chuva chuvisca!...
         Ângela Leite de Souza. Três gotas de
        poesia. São Paulo: Moderna, 2002.


Aliteração 
  É a  repetição da mesma consoante.
Repetem-se os termos “pássaro”, “aberta”, “vida”, “bela”; e os  versos quatro e cinco “a vida é bela”.

Ocorrem aliterações de “b”: aberta, bela, boa; e de “v”: vida, voa.

Aparecem três rimas: aberta / desperta; janela / bela; boa / voa.
A mesma vogal “e” está presente em duas rimas, prolongando o eco sonoro e propondo associar o sentido das palavras em que está presente.

Esses recursos criam elos entre as partes do poema, associando o voo e a abertura de portas e janelas, isto é, a liberdade que a abertura representa. A vida seria bela e boa, com liberdade de voar – seja por meio de asas, seja por meio do pensamento e da imaginação.

2. No segundo poema ocorre outro tipo de repetição ou recurso de sonoridade: sons recorrentes no início das palavras. Localize a aliteração ou repetição da(s) mesma(s) consoante(s).

Lemos os dois poemas. Copiamos no caderno, perguntei onde encontramos repetições de palavras, versos e de letras? Demorou um pouco logo começaram a falar todos ao mesmo tempo, coloquei ordem. As rimas foram as primeiras, as letras tiveram que pensar um pouco mais, pois nunca tinham parado para pensar sobre repetições de letras. Aliteração é um conhecimento novo depois pintamos as aliterações.


Ritmo irregular


1. A maioria dos exemplos lidos até aqui apresenta ritmo regular. No entanto, há casos em que o ritmo é irregular, assim como o tamanho dos versos, ora longos, ora curtos. Veja dois exemplos: um trecho do poema de Vinicius de Moraes (“Pátria minha”) e alguns versos de Cora Coralina (“Coisas do reino da minha cidade”).

Pátria minha

[...]

Não te direi o nome, pátria minha

Teu nome é pátria amada, é patriazinha

Não rima com mãe gentil

Vives em mim como uma filha, que és

Uma ilha de ternura: a Ilha

Brasil, talvez.

[...]

“Pátria minha”, in: Ferraz, Eucanaã (org.).

Vinicius de Moraes: Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2004.

Autorizado pela VM Empreendimentos Artísticos e Culturais Ltda. ©vm



2. Ao compor um poema, o autor escolhe o ritmo mais adequado para favorecer o sentido do texto. O ritmo – regular ou irregular – e as repetições estão presentes não só nos poemas, mas também em cantigas e
brincadeiras infantis.




2ª - etapa


Trava-línguas

Brinquei com a turma pergntando se conheciam algumas travas-línguas, falei; Um tigre, dois tigres, três tigres. ( outra não me atreveria com certeza iria errar tudo). A maioria conhecia: o rato roeu a roupa do rei de Roma, a raínha de raiva roeu o resto. Ficaram felizes e começaram a brincar uns com os outros. Com o auxílio do datashow copiamos algumas no caderno.


Trava-línguas

Corrupaco papaco, a mulher do macaco, ela pita, ela fuma, ela toma tabaco debaixo do sovaco.

Porco crespo, toco preto.

Um tigre, dois tigres, três tigres.

A pipa pinga, o pinto pia, quanto mais o pinto pia, mais a pipa pinga.

Olha o sapo dentro do saco, o saco com o sapo dentro, o sapo batendo papo e o papo soltando vento.

Não tem truque, troque o trinco, traga o troco e tire o trapo do prato. Tire o trinco, não tem truque, troque o troco e traga o trapo do prato.

Dividi classe em grupos. Cada um deles ficou responsável por um trava-língua para apresentar. Gostaram tanto que começaram a criar seus próprios trava-linguas. Descobrindo onde se encontravam as aliterações.







O prato de prata                                           A chuva chove
não pode ser preto                                        o pigo pinga
porque o prato preto                                     Quanto mais o pingo pinga           
é meu primo                                                  mais a chuva, chove
Viviane Telma                                                 Jaine Bahr


A gralha                                              A presa do prego faz  graça                                                   do Pedro é preto                           
na praça                                                Mayara Lopes
com a taça
Na taça tem massa
e na praça ninguém caça.
Jaíne Bahr


O pedreiro Pedro Alfredo
O pedreiro Pedro Alfredo,
o Pedro Alfredo Pereira,
tramou tretas intrigantes,
transou truques, pregou petas,
pois Pedro Alfredo Pereira
é um tremendo tratante!


Se um dia me der na telha

Se um dia me der na telha
eu frito a fruta na grelha
eu ponho a fralda na velha
eu como a crista do frango
eu cruzo zebu com abelha
eu fujo junto com a Amélia
se um dia me der na telha.

Chegou “seu” Chico Sousa

Só sei que “seu” Chico Sousa
chegou e trouxe da China
a seda xadrez da Célia
o xale roxo da Sônia
o xale cinza da Sheila
e a saia chique da Selma.
          Ciça. Travatrovas.
           Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1993.

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